Casamento - O Que Ninguém Me Contou (Parte 2) - Escrevendo meu Caminho

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Casamento - O Que Ninguém Me Contou (Parte 2)



O Marido

     Quando ela saiu do quarto, eu percebi a besteira que tinha acabado de fazer. Eu tinha dito mesmo para ela volta para a casa do pai? Eu tinha dito para a minha mulher ir embora da nossa casa? Idiota. Eu era mesmo um idiota! Eu não entendo como uma conversa tão simples se tornou essa confusão. Eu estava aqui tranquilamente tentou mantar alguns zumbis, quando de repente ela entrou no quarto já irritada. O que estava acontecendo entre nós? Éramos tão apaixonados antes e agora não conseguíamos nos entender. A última vez que tivemos um dia completamente tranquilo, tinha sido... Sei lá... Acho que ainda na lua de mel. Depois que chegamos em casa, já na primeira semana, os conflitos começaram. Eram mais brandos e acho que fomos tentando relevar. Mas agora, parece que estávamos mesmo cansados e descontando um no outro. Eu não queria isso. Ela era minha mulher e não queria viver desse jeito com ela.

     Eu ainda estava sentado na cadeira do computador, pensando no que fazer, quando ela entrou abruptamente no quarto. Eu fiquei observando enquanto ela fazia movimentos rápido e nervosos. Não me atrevi a dizer nada. Ela pegou uma mala de cima do guarda-roupa e começou a colocar algumas roupas dentro. Caramba! Ela tinha levado mesmo a sério a merda que eu falei. É claro que eu não queria ter dito aquilo mesmo. Eu nunca a expulsaria da nossa casa e a sugestão foi dela em primeiro lugar. Fiquei um tanto paralisado ao vê-la fazendo aquilo. O que eu deveria fazer? Como eu poderia explicar pra ela que não era isso? Eu a conhecia muito bem, sabia que ela não daria o braço a torcer. Era capaz de já ter ligado para o pai pedindo para vir buscá-la. 

- O que você está fazendo? - Perguntei com cautela.

- Você não está vendo? - Ela respondeu sem me olhar, com um tom áspero.

- Você não vai fazer isso mesmo? - Perguntei me levantando.

- Claro que vou. Por que não? - Ela soltou o sorriso sarcástico típico dela.

- Você não pode fazer isso.

- Não se preocupe, meu pai já está a caminho. Eu não vou mais perturbar seus joguinhos nem gritar como uma louca na sua cabeça.

- Eu não vou deixar você ir embora. -Fui até ela e a virei para mim.

- Eu não preciso da sua permissão.

- Não. Essa é a resposta errada. Você deveria perguntar: Por que não? - Sorri tentando aliviar o clima.

- E por que não? - Ela disse com o olhar de uma professora que estaria criticamente avaliando a minha resposta.

- Porque eu te amo. – Respondi firme. - Porque você é a minha esposa e eu não posso imaginar viver nessa casa sem você nem por um único dia. -Olhei fixamente em seus olhos com todo o carinho e adoração que eu sentia por ela. – Eu sou um idiota. Me desculpe por tudo o que eu disse. Eu não quis dizer isso pra valer. 

- Eu não duvido do seu amor. - Acho que eu tinha conseguido desarmá-la. - Mas eu acho que isso não é suficiente para vivermos juntos. As coisas não estão dando certo. Não adianta só você dizer que me ama e achar que vai ficar tudo bem.

     Ela tinha razão. Por mais que eu não gostasse de ficar conversando sobre a relação, dessa vez era preciso. Nós precisávamos nos resolver.

- Eu discordo de você. Nosso amor é sim capaz de resolver tudo, nós só precisamos nos dispor a isso. Por favor, meu amor, vamos conversar e nos resolver. Não posso ficar sem você. -A abracei fortemente. Não queria soltá-la para não ouvir sua resposta 

    Quando voltei a olhá-la, ela estava chorando. Droga! Aquilo cortava meu coração, e saber que eu era a causa daquilo era ainda pior. 

- Não chora, amor. - Limpei seu rosto. - Só vamos resolver isso juntos, nós nos casamos para isso. Não é tão fácil quanto o mostrado nos filmes, mas eu quero muito continuar com você para o resto das nossas vidas.

- Eu também. -Ela respondeu e me beijou intensamente. Eu correspondi com todo o meu ser. 

***

A Mulher

     A campainha tocou, eu me levantei correndo. 


- Deve ser o meu pai. - Tinha me esquecido que ele estava a caminho. Depois da discussão acabamos nos empolgando ao fazermos as pazes e agora eu não estava nem um pouco apresentável para atender a porta. -Joga a minha blusa, ai amor.

- Não. 

Eu ri.

- Não o quê? 

- Deixa que eu falo com o seu pai. - Ele pôs a blusa e foi até a porta. Eu fiquei no quarto esperando ele voltar. Tinha me vestido e estava preparada para, a qualquer momento, ir até lá e acalmar se houvesse uma discussão entre eles. 
Depois de uns dez minutos, ele retornou. 

- Como foi com o meu pai?

- Eu disse para ele que nunca mais deixaria isso acontecer. Você é minha mulher e a gente não vai se separar de forma alguma.

- Estou gostando dessa nova versão sua. Todo decidido. -Sorri para ele.

- Você ainda não viu nada. - Ele correu até mim e ficou me beijando. - E para provar que eu vou dar o meu melhor para você, eu prometo que vou ajudar mais nas tarefas de casa. Sei que você está ficando cansada com toda essa rotina. Eu também vou maneira nos meus jogos, mas não vou parar de jogar.

- Eu sei... Eu fui muito intransigente com isso. Eu vou parar de ser tão implicante com seus jogos.

- Na verdade, eu tive uma ideia bem interessante quanto a isso. 

- É mesmo. E qual é? 

- Eu acho que você precisa jogar comigo. 

- Eu? - Me surpreendi.

- Você vai gostar e vai entender o quanto é divertido. A gente precisa participar mais do que o outro gosta. E por isso, agora, a gente pode assistir um filme de comédia romântica que você adora enquanto a gente come a pizza que pedi para você não precisar ir para cozinha. E não se preocupe, eu vou lavar a louça.
Eu sorri para o meu marido. Ele era mesmo um fofo. 

- Você sabe o quanto fica sedutor lavando uma louça? Eu quase não resisto.

- Uhm... Interessante. -Ele me olhou com um olhar sem-vergonha. - Mas falando sério, só mais uma coisa. Você precisa conversar mais comigo amor, não pode simplesmente fechar a cara e não me dizer o que está havendo. Eu não posso adivinhar o que está se passando na sua cabeça.

- Eu sei... Você tem razão. Eu prometo ser mais comunicativa e menos estressada também. E já que hoje vamos aproveitar só para ficar juntinhos, depois do filme eu topo jogar um pouco do seu joguinho com você. 

- Eu te amo, meu amor. Nós vamos ser muito felizes, acredite em mim. Eu sei que ainda virão muitas dificuldades e muitas crises, mas nós vamos superar todas juntos.

- Eu também te amo e confio em você.

     E foi assim que enfrentamos nossa primeira crise. Por um momento, eu pensei em fugir e me esconder na barra da saia da minha mãe. Mas meu marido não deixou, ele me ama e eu o amo demais. E eu sei que precisamos acertar muita coisa ainda, mas esse amor pode superar tudo, mas só se nós quisermos, deixarmos de lada o nosso orgulho e aprendermos a ceder. É preciso muita conversa e compreensão para fazer um casamento dar certo.... Mas isso... Isso ninguém me contou antes de eu me casar, eu precisei aprender sozinha. 



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